Movimento de câmara, no sentido horizontal (pan) ou vertical (tilt), em que a câmara não se move mas percorre o seu próprio eixo. Geralmente estes movimentos de câmara servem para localizar o espectador no espaço (establishing shot), para replicar o ponto de vista de uma personagem (point of view) ou para a acompanhar num determinado percurso (travelling).
P
Imagem ininterrupta no filme quer haja enquadramento móvel ou não. (Bordwell e Thompson: 2013)
Distingue-se do take ou da toma que significam o processo de gravar um plano (e que pode repetir-se).
Enquadramento em que a escala do objeto mostrado é muito pequena: um prédio, uma paisagem ou multidão enchem a tela. (Bordwell e Thompson: 2013)
Enquadramento no qual a escala de um objeto mostrado é de tamanho moderado; uma figura humana do quadril para cima preenche a maior parte da tela. (Bordwell e Thompson: 2013)
«Em termos técnicos, há um plano-sequência quando uma tomada de vista em contínuo (um plano, portanto) conjuga uma duração relativamente longa com evoluções complexas das pessoas filmadas, acompanhadas por movimentos reais e ópticos do quadro (travelling, panorâmica, zoom, trajetória); no entanto, esta é uma definição que deixa grande margem para a interpretação, pois um plano-sequência pode recorrer apenas a um dos traços anteriores» (Gardies: 2008, 28).
Assim, o uso da expressão plano-sequência (ou plano sequencial) serve para designar um plano composto de vários movimentos (da câmara ou das personagens) que produzem a transformação do enquadramento inicial sem recurso a corte na montagem. «A panorâmica, o travelling, a grua ou o zoom podem ser usados para apresentar pontos de vista em contínua mudança, que, de algumas maneiras, são comparáveis aos deslocamentos de visão que a montagem proporciona», explicam Bordwell e Thompson (ibidem, 335) associando os conceitos de «plano longo» e «quadro móvel». Numa ação contínua captada num único plano em movimento, o tempo de ação coincide integralmente com o tempo de gravação, podendo chegar a abranger uma cena inteira.
Outras expressões usadas em língua inglesa, são: «mise-en-scène shot» que equivale a «plano-sequência»; ou «staging», significando uma opção de encenação oposta à montagem: «em vez de fazer um corte entre planos diferentes (plano de conjunto, grande-plano, contracampo, plano de corte, etc.), Staging implica filmar longas secções» (Vineyard e Cruz, 2008, 19).
Em língua inglesa, o plano-sequência também pode ser referido através de duas expressões: Long Take e Long Shot. «Um típico filme tem milhares de cortes. A maioria dos cineastas prefere alternar entre grandes planos, planos gerais, planos de corte, etc., quando finalizam o filme. Uma abordagem alternativa é usar um Long Shot, ou um Long Take, em que a câmara reenquadra e se reposiciona à medida que os atores se movem em cena. A montagem não é usada, não havendo corte entre imagens» (Vineyard e Cruz: 2008, 58).
Explicando melhor: «O plano longo [long take] não é a mesma coisa que plano de conjunto [long shot], que se refere à distância aparente entre a câmera e o objeto. Como vimos (...), uma tomada pode ser definida pelo funcionamento ininterrupto da câmera registrando um plano singular. Chamar um plano com extensão fora do comum de plano longo [long take] em vez de plano de conjunto [long shot] evita a ambiguidade, já que o segundo termo se refere a um enquadramento distanciado, não à duração do plano» (Bordwell e Thompson: 2013, 333).
Técnica cinematográfica do cinema clássico que contrapõe alternadamente dois planos com ângulos contrários (o picado: de cima para baixo; o contra-picado: de baixo para cima), mantendo a continuidade visual e a coerência espaço-temporal das imagens, mas vincando um sentido narrativo de relação de poder entre dois pontos de vista.
Na escala de enquadramento, o plano aberto faz parte dos planos descritivos, ou seja, que servem para estabelecer a localização espaço-temporal da ação narrativa, sendo usado sobretudo para situar uma personagem no cenário envolvente, reforçando o posicionamento cénico da personagem ou personagens centrais em termos narrativos, como estando perdidos ou isolados.
Na escala de enquadramento, o plano americano faz parte dos planos narrativos, ou seja, que servem para fazer avançar a ação narrativa, apresentando a figura humana desde a cabeça até à coxa, cortada entre a cintura e os joelhos. Muito popular no western, também é conhecido como cowboy shot porque permite observar o coldre com as pistolas e estabelece uma relação de poder perante um confronto. Ver Plano médio.
Plano cuja escala enquadra determinado personagem do tronco até ao topo da cabeça.
Na escala de enquadramento, o plano de conjunto faz parte dos planos descritivos, isto é, que servem para estabelecer a localização espaço-temporal da ação narrativa, sendo usado geralmente em cenários interiores, estabelecendo a geografia e a temporalidade da cena e mostrando as personagens numa escala mais próxima, o que permite compreender as dinâmicas entre si no contexto da narrativa.
Ponto de uma imagem para onde tendem duas linhas retas paralelas; as linhas de fuga juntamente com o ponto de fuga compõem o esquema visual da perspetiva linear.
A expressão ponto de vista pode ter diferentes significados: «1. Um lugar, real ou imaginário, a partir do qual se produz uma representação. (…) 2. “A forma particular como uma questão pode ser considerada”, ou seja, numa narrativa, a filtragem da informação e a sua atribuição às várias instâncias da narração – autor, narrador, personagens. (…) 3. Uma opinião, um sentimento a respeito de um objeto, de um fenómeno ou de um acontecimento. No cinema, a marcação desse ponto de vista é menos claramente codificada do que na literatura e depende mais das normas estilísticas e dos estilos individuais. O enquadramento é um dos seus instrumentos favoritos, mas todos os meios expressivos podem concorrer para isso» (Aumont e Marie: 2009, 202-203).
Outras expressões equivalentes são «perspetiva narrativa» e «focalização». Em literatura, consideram-se três formas de focalização: a focalização zero, também designada de omnisciente, em que o narrador sabe sempre mais do que a personagem; a focalização interna, que se centra no ponto de vista de uma personagem; e a focalização externa, em que o narrador diz menos do que a personagem sabe, optando por uma visão exterior. No entanto, a enunciação em cinema é bastante mais complexa, conjugando e alternando diversos pontos de vista, os das diferentes personagens e o ponto-de-vista da realização (Aumont e Marie: 2009, 113).
Fase de edição e finalização dos vários componentes técnicos e artísticos do filme, antes do resultado final.
Fase de preparação de todos os aspetos logísticos, artísticos e técnicos para concretizar a produção / rodagem de determinado filme.
Personagem com maior relevância no contexto da ação narrativa do filme.