O termo «continuidade» tem pelo menos três sentidos nas práticas técnicas: é um termo de argumento, de rodagem e de montagem.

A continuidade dialogada é uma etapa escrita do filme, posterior à sinopse e ao «tratamento», que permite enriquecê-lo desenvolvendo cronologicamente os fragmentos de ação e aperfeiçoando o pormenor de cada cena e o diálogo.

Em termos de rodagem, a continuidade designa a atenção atribuída à coerência dos elementos constitutivos do filme, como as deslocações e os movimentos dos intérpretes, a luz, a posição da câmara. Esta função é da responsabilidade da anotadora, chamada em inglês «continuity girl».

Em termos de montagem, a continuidade é a primeira reunião dos rushes, na ordem da narrativa. (Aumont e Marie: 2009)

A expressão foi proposta por Edgar Morin e Jean Rouch no manifesto publicado por ocasião da distribuição do seu filme Chronique d'un été (1960). Tratava-se de ao propor um novo tipo de documentário utilizando, à semelhança dos cineastas americanos próximos de Robert Drew e dos cineastas canadianos do ONF, as novas técnicas ligeiras. Não se trata apenas de uma evolução técnica, mas de uma nova atitude estética e moral: os cineastas participam na evolução da investigação e da filmagem, não procuram disfarçar a câmara nem o microfone; intervêm diretamente no desenrolar do filme, passando do estatuto de autores ao de narradores e de personagens.

Em paralelo, a câmara é concebida como um instrumento de revelação da verdade dos indivíduos e do mundo. É, portanto, também enquanto pesquisa sobre o mundo do real que o cinema-verdade pretende ao opor-se ao cinema de ficção, definido a contrário como cinema da mistificação e da mentira. (Aumont e Marie: 2009)

Segmento da narrativa fílmica que transcorre num tempo e espaço determinado ou que usa montagem paralela para mostrar duas ou mais ações simultâneas. (Bordwell e Thompson: 2013)

Técnica cinematográfica do cinema clássico que contrapõe alternadamente dois planos, mantendo a continuidade visual e a coerência espaço-temporal das imagens, mas vincando um sentido narrativo de oposição entre dois pontos de vista, criando uma ilusão convincente de imersão do espectador na narrativa.

Processo da pré-produção em que são entrevistados e escolhidos os atores do elenco.

Espaço onde se desenrola a ação narrativa de determinada cena do filme.

Computer-generated imagery, ou imagens criadas de maneira exclusivamente digital.

Conceito surgido nos anos 60, com o aparecimento de novos equipamentos de gravação ligeiros e portáteis, nomeadamente para gravação de som direto, tendo suscitado um grande número de documentários captados diretamente do real. Esta abordagem teve também influência nos métodos de trabalho em ficção, gerando a possibilidade de um registo mais improvisado e uma captação mais autêntica da expressão dos atores.

Palavra francesa que na origem designava a chapa fotográfica (negativa) para reprodução de exemplares de fotografia e, por extensão, as próprias fotografias resultantes desse processo. Com a evolução do seu uso, passou a designar, em fotografia ou em cinema, uma imagem repetida, já vista, sem novidade e mesmo gasta. Semiologicamente designa mais precisamente as imagens que, recorrendo a lugares-comuns visuais, transportam um significado reconhecido, associando três aspetos: o formal, o semântico e o emotivo. Os cartazes de cinema são um bom exemplo de clichés provenientes do filme e tornados ícones significantes (Areal: 2011, 366)

Momento singular, de máxima tensão, na progressão narrativa de um filme. Normalmente, surge no final da história, marcando a passagem a uma fase de resolução e conclusão da mesma.

Enquadramento no qual a escala do objeto mostrado é relativamente grande. Geralmente a cabeça de uma pessoa do pescoço para cima, ou um objeto de tamanho comparável, ocupa a maior parte da tela. (Bordwell e Thompson: 2013)

Modo pelo qual se decide organizar, dispor e capturar determinados elementos no enquadramento visível de um plano.

Problema ou situação (interior ou exterior) que uma personagem procura resolver.

Processo de pós-produção visual onde se afinam os tons cromáticos desejados para cada imagem ou plano do filme.

Perceção e/ou sensação de relação (espacial e/ou temporal) entre diferentes imagens, planos ou momentos do filme.